A comunicação em famílias de
dependentes é frequentemente patológica
Nas famílias onde existe um toxicodependente, o diálogo ou é
inexistente ou é ambíguo, apresentando falta de clareza. Por vezes existe uma circulação
excessiva de informação e por vezes escassez da mesma. Os jogos de segredos
tornam o processo comunicacional ainda mais difícil, assumindo o consumo de
drogas, uma função de comunicação.
Ausloos acentua este aspeto da família e vê no sintoma da droga
uma linguagem, um modo de comunicar. Stanton e seus colaboradores referem que a
rigidez do sistema familiar é claramente evidente e o consumo de drogas é percecionado
como um sintoma de uma família disfuncionante.
É difícil detetar a patologia da família do toxicodependente,
estando esta camuflada, só sendo trazida através da manifestação de um sintoma
por parte de um dos elementos da família, nomeadamente a toxicodependência que
funciona como rutura da falsa estabilidade familiar.
Muitas vezes os filhos toxicodependentes cumprem a função de canal
de comunicação entre os pais, tentando triangular as suas relações (quando
estes estão demasiado afastados), tornando-se assim no foco das atenções e
garantindo as tomadas de papéis por parte dos seus pais (e, consequentemente, o
retomar da sua relação, quanto mais não seja parcialmente).
Sofia Almeida
01/08/2018
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