Na
compreensão da realidade intrapsíquica do toxicodependente, o modelo
psicanalítico acentua a importância das perturbações identificatórias
associadas à ausência/demissão de um dos progenitores, ao excessivo envolvimento
e superproteção do outro progenitor e/ou à patologia de um ou de ambos.
Autores
como Amaral Dias e Bergeret sublinham o défice de internacionalização do imago
paterno em indivíduos toxicodependentes, muitas vezes acompanhada por uma
relação fusional/conflitual com a figura materna. Bergeret afirma que a
ausência de uma imagem paterna identificatória pode resultar da ausência física
do pai ou da carência/excesso da autoridade paternal, sendo o pai vivenciado
como agressor.
Nestas
famílias é frequente observar-se que um dos progenitores está mais intensamente
envolvido com o toxicodependente, enquanto o outro é mais punitivo, distante ou
ausente. Stanton, Wellish, Gay e McEntee referem que o progenitor mais
envolvido é geralmente o do sexo oposto ao toxicodependente.
Harbin
e Maziar referem que o padrão familiar mais consistentemente encontrado é o da
mãe superprotetora e indulgente e o do pai emocionalmente distante ou ausente.
Nestas famílias a figura materna é predominante. O pai ou é apagado, ou sujeito
a sucessivos ataques de zanga, embora muitas vezes temido. Há também casos em
que a figura materna é secundária e o do pai predominante.
Contudo,
os autores sublinharam que este padrão não é exclusivo das famílias com um
elemento toxicodependente, pois o mesmo pode ser igualmente observado em
famílias com outras queixas sintomáticas, tais como, fobia escolar e esquizofrenia.
30/08/2018
Sofia
Almeida
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