quinta-feira, 30 de agosto de 2018

PERTURBAÇÕES IDENTIFICATÓRIAS EM TOXICODEPENDENTES




Na compreensão da realidade intrapsíquica do toxicodependente, o modelo psicanalítico acentua a importância das perturbações identificatórias associadas à ausência/demissão de um dos progenitores, ao excessivo envolvimento e superproteção do outro progenitor e/ou à patologia de um ou de ambos.

Autores como Amaral Dias e Bergeret sublinham o défice de internacionalização do imago paterno em indivíduos toxicodependentes, muitas vezes acompanhada por uma relação fusional/conflitual com a figura materna. Bergeret afirma que a ausência de uma imagem paterna identificatória pode resultar da ausência física do pai ou da carência/excesso da autoridade paternal, sendo o pai vivenciado como agressor.

Nestas famílias é frequente observar-se que um dos progenitores está mais intensamente envolvido com o toxicodependente, enquanto o outro é mais punitivo, distante ou ausente. Stanton, Wellish, Gay e McEntee referem que o progenitor mais envolvido é geralmente o do sexo oposto ao toxicodependente.

Harbin e Maziar referem que o padrão familiar mais consistentemente encontrado é o da mãe superprotetora e indulgente e o do pai emocionalmente distante ou ausente. Nestas famílias a figura materna é predominante. O pai ou é apagado, ou sujeito a sucessivos ataques de zanga, embora muitas vezes temido. Há também casos em que a figura materna é secundária e o do pai predominante.

Contudo, os autores sublinharam que este padrão não é exclusivo das famílias com um elemento toxicodependente, pois o mesmo pode ser igualmente observado em famílias com outras queixas sintomáticas, tais como, fobia escolar e esquizofrenia.
30/08/2018
Sofia Almeida

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