Partindo da velha máxima que
todos juntos somos mais fortes, uma boa estratégia de liderança parental,
melhora naturalmente o processo de desenvolvimento individual de cada um dos
elementos do agregado familiar, bem como a dinâmica familiar como um todo, que
não se resume apenas à soma das suas partes.
As noções de liderança que agora
partilho referem-se em primeira instância ao mundo empresarial, mas não posso
deixar de as transpor para a realidade das dinâmicas familiares que conheço
atualmente.
O simbolismo inspirador de um
líder e a representação mental que os seus seguidores têm de si, são
competências chave no processo de liderança de qualquer grupo, mesmo o da família.
Se não, vejamos as principais
características de um líder e comparemo-las às competências parentais, no
processo contínuo de educação dos nossos filhos:
Ø Carisma:
O carisma é algo intrínseco à personalidade de cada um, mas também pode ser uma
competência a ser treinada e desenvolvida. Um líder carismático tem visão e um
forte sentido de missão, o que gera respeito, confiança e lealdade dos membros
do seu grupo. Inspira-lhes uma identificação natural, orgulho e entusiasmo no
que lhes é proposto;
Ø Inspiração:
Utilizando uma comunicação clara, fluida e entusiasta, o líder demonstra
capacidade de motivar e implicar todos os elementos do grupo em torno do mesmo
objetivo;
Ø Estímulos:
Para além do simbolismo do líder e a sua capacidade de trabalhar as emoções dos
elementos do seu grupo, igualmente importante neste processo de liderança é o
estímulo ao nível cognitivo, traduzido no desenvolvimento da capacidade dos
seus elementos de procederem a análises críticas, no seu pensamento criativo e
na intuição.
Ø Reforço
individual: Demonstrar consideração por cada um dos seus elementos de
forma particular e genuína, permite criar um ambiente de confiança e
valorização pessoal;
Nos anos 60 as mulheres que
ocupavam cargos de liderança e de chefia tendiam a adotar técnicas de gestão em
conformidade com os valores masculinos, sobretudo porque as organizações eram
predominantemente masculinas.
Atualmente, é cada vez maior o
número de mulheres em cargos de liderança com estilos marcadamente femininos,
notórios nas suas capacidades de delegação de responsabilidades, na partilha de
informação e de recursos e na definição coletiva de objetivos:
ü Liderança
democrática: As mulheres revelam grandes capacidades para organizar o
trabalho em equipa de forma democrática, participativa e cooperativa;
ü Flexibilidade:
Apresentam tendência para a partilha de responsabilidades e uma grande
capacidade de comunicação e consenso, orientada para a negociação, gestão de
conflitos e resolução de problemas através da empatia e da racionalidade;
ü Liderança
inclusiva: Os atributos da generosidade e da harmonia contribuem para
uma liderança inclusiva e menos centrada na figura do líder;
ü Liderança
relacional: A liderança feminina é orientada para a gestão das pessoas,
das suas relações;
ü Gerar
confiança: Gerindo as expectativas e necessidades de cada elemento,
gera-se confiança, otimismo, criatividade e inovação.
Gerir pessoas significa lidar com
expectativas, motivações e ansiedades. A questão central é saber estimular e
aproveitar ao máximo o potencial de cada um dos elementos, contribuindo para o
seu desenvolvimento pessoal.
Segundo alguns especialistas
nesta temática, existem fatores de sucesso a ter em conta nesta gestão de
liderança:
v Objetivos:
Cada um precisa de compreender os objetivos do grupo, comprometendo-se e
envolvendo-se com os seus próprios objetivos, por forma a sentir que cedeu a
sua parte para o sucesso da dinâmica do grupo;
v Crescimento
Individual: a estabilidade e desenvolvimento pessoal de cada um afiguram-se
como extremamente importantes;
v Inovação:
A dinâmica de um grupo é pautada de mudanças ao longo do seu desenvolvimento.
Também a dinâmica familiar é marcada por diversas etapas ao longo do seu ciclo
vital. Em ambas as realidades, é importante a flexibilização necessária e por
vezes a reinvenção de métodos mais adequados para lidar com as diferentes
necessidades e expectativas de cada elemento;
Há mais de cinquenta anos Herzberg
e Maslow debruçavam-se sobre a importância dos fatores motivacionais dos
colaboradores de empresas, das suas necessidades de estima e de realização
pessoal. Muitas destas, continuam ainda agora presas apenas aos sistemas de
recompensação remuneráveis, e, portanto, quantificáveis.
A Pirâmide das Necessidades de
Maslow traça uma hierarquia simples das necessidades do ser humano e constitui
um modelo teórico que ainda serve de referência em muitas empresas na adoção de
estratégias de liderança.
Segundo este modelo, quando todas
as necessidades mais básicas estão preenchidas, a satisfação das necessidades
superiores permite criar um ambiente organizacional de motivação permanente,
empenho e renovação do potencial das pessoas.
Novamente, percebemos que este
modelo teórico se pode ajustar para a realidade das famílias, na medida em que,
dificilmente uma criança poderá desenvolver-se dentro dos parâmetros
considerados saudáveis se as suas necessidades mais básicas como a alimentação,
segurança e amor firme não tiverem primeiro preenchidas.
Em suma, não me restam
grandes dúvidas que a lealdade e o empenho de cada um no seio de um grupo
dependem muito mais de fatores motivacionais como a estima, o reconhecimento e
a valorização. As pessoas necessitam de valorização e estímulo de forma a
desenvolverem todas as suas capacidades e potencialidades. O mesmo se aplica
nas famílias, seja no que respeita a cada um dos seus elementos, seja enquanto
grupo, com particularidades e dinâmicas muito próprias.
Sofia Almeida