sábado, 28 de junho de 2014

LIDERANÇA




Partindo da velha máxima que todos juntos somos mais fortes, uma boa estratégia de liderança parental, melhora naturalmente o processo de desenvolvimento individual de cada um dos elementos do agregado familiar, bem como a dinâmica familiar como um todo, que não se resume apenas à soma das suas partes.

As noções de liderança que agora partilho referem-se em primeira instância ao mundo empresarial, mas não posso deixar de as transpor para a realidade das dinâmicas familiares que conheço atualmente.

O simbolismo inspirador de um líder e a representação mental que os seus seguidores têm de si, são competências chave no processo de liderança de qualquer grupo, mesmo o da família.

Se não, vejamos as principais características de um líder e comparemo-las às competências parentais, no processo contínuo de educação dos nossos filhos:

Ø  Carisma: O carisma é algo intrínseco à personalidade de cada um, mas também pode ser uma competência a ser treinada e desenvolvida. Um líder carismático tem visão e um forte sentido de missão, o que gera respeito, confiança e lealdade dos membros do seu grupo. Inspira-lhes uma identificação natural, orgulho e entusiasmo no que lhes é proposto;
Ø  Inspiração: Utilizando uma comunicação clara, fluida e entusiasta, o líder demonstra capacidade de motivar e implicar todos os elementos do grupo em torno do mesmo objetivo;
Ø  Estímulos: Para além do simbolismo do líder e a sua capacidade de trabalhar as emoções dos elementos do seu grupo, igualmente importante neste processo de liderança é o estímulo ao nível cognitivo, traduzido no desenvolvimento da capacidade dos seus elementos de procederem a análises críticas, no seu pensamento criativo e na intuição.
Ø  Reforço individual: Demonstrar consideração por cada um dos seus elementos de forma particular e genuína, permite criar um ambiente de confiança e valorização pessoal;

Nos anos 60 as mulheres que ocupavam cargos de liderança e de chefia tendiam a adotar técnicas de gestão em conformidade com os valores masculinos, sobretudo porque as organizações eram predominantemente masculinas.

Atualmente, é cada vez maior o número de mulheres em cargos de liderança com estilos marcadamente femininos, notórios nas suas capacidades de delegação de responsabilidades, na partilha de informação e de recursos e na definição coletiva de objetivos:

ü  Liderança democrática: As mulheres revelam grandes capacidades para organizar o trabalho em equipa de forma democrática, participativa e cooperativa;
ü  Flexibilidade: Apresentam tendência para a partilha de responsabilidades e uma grande capacidade de comunicação e consenso, orientada para a negociação, gestão de conflitos e resolução de problemas através da empatia e da racionalidade;
ü  Liderança inclusiva: Os atributos da generosidade e da harmonia contribuem para uma liderança inclusiva e menos centrada na figura do líder;
ü  Liderança relacional: A liderança feminina é orientada para a gestão das pessoas, das suas relações;
ü  Gerar confiança: Gerindo as expectativas e necessidades de cada elemento, gera-se confiança, otimismo, criatividade e inovação.

Gerir pessoas significa lidar com expectativas, motivações e ansiedades. A questão central é saber estimular e aproveitar ao máximo o potencial de cada um dos elementos, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal.

Segundo alguns especialistas nesta temática, existem fatores de sucesso a ter em conta nesta gestão de liderança:

v  Objetivos: Cada um precisa de compreender os objetivos do grupo, comprometendo-se e envolvendo-se com os seus próprios objetivos, por forma a sentir que cedeu a sua parte para o sucesso da dinâmica do grupo;
v  Crescimento Individual: a estabilidade e desenvolvimento pessoal de cada um afiguram-se como extremamente importantes;
v  Inovação: A dinâmica de um grupo é pautada de mudanças ao longo do seu desenvolvimento. Também a dinâmica familiar é marcada por diversas etapas ao longo do seu ciclo vital. Em ambas as realidades, é importante a flexibilização necessária e por vezes a reinvenção de métodos mais adequados para lidar com as diferentes necessidades e expectativas de cada elemento;


Há mais de cinquenta anos Herzberg e Maslow debruçavam-se sobre a importância dos fatores motivacionais dos colaboradores de empresas, das suas necessidades de estima e de realização pessoal. Muitas destas, continuam ainda agora presas apenas aos sistemas de recompensação remuneráveis, e, portanto, quantificáveis.

A Pirâmide das Necessidades de Maslow traça uma hierarquia simples das necessidades do ser humano e constitui um modelo teórico que ainda serve de referência em muitas empresas na adoção de estratégias de liderança.

Segundo este modelo, quando todas as necessidades mais básicas estão preenchidas, a satisfação das necessidades superiores permite criar um ambiente organizacional de motivação permanente, empenho e renovação do potencial das pessoas.

Novamente, percebemos que este modelo teórico se pode ajustar para a realidade das famílias, na medida em que, dificilmente uma criança poderá desenvolver-se dentro dos parâmetros considerados saudáveis se as suas necessidades mais básicas como a alimentação, segurança e amor firme não tiverem primeiro preenchidas. 

Em suma, não me restam grandes dúvidas que a lealdade e o empenho de cada um no seio de um grupo dependem muito mais de fatores motivacionais como a estima, o reconhecimento e a valorização. As pessoas necessitam de valorização e estímulo de forma a desenvolverem todas as suas capacidades e potencialidades. O mesmo se aplica nas famílias, seja no que respeita a cada um dos seus elementos, seja enquanto grupo, com particularidades e dinâmicas muito próprias.


Sofia Almeida

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