sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

DIVÓRCIO E MONOPARENTALIDADE




É crescente o número de casais que entre nós, se divorcia.

O divórcio é considerado, nas diversas escalas de stress psicossocial, uma das situações potencialmente mais problemática a exigir um grande suporte afetivo. A violência que se desprende de muitas situações de rutura conjugal nem sempre é revelada, nem mesmo aos mais próximos e significativos.

Apesar da evolução no sentido da igualização dos papéis na díade conjugal, são poucos os homens capazes de falar das suas dificuldades, nomeadamente quando o fator precipitante da dissolução do casamento é a infidelidade feminina.

É cada vez maior o número de mulheres que vivem sozinhas com os filhos em consequência de separações e divórcios. Mas o divórcio já não representa um afastamento obrigatório de um dos progenitores nem está associado à vergonha ou indiferença como antigamente. Pelo contrário, os pais podem e devem estar presentes nas vidas das crianças, mesmo que por algum motivo, a sua presença não possa ser agora tão assídua.

O que fica em jogo nos divórcios, não é tão somente a coabitação, mas a falência dos afetos positivos pelo menos por um dos progenitores, a manipulação das crianças no sentido de acentuar cumplicidades, a pressão exercida sobre estas a tomar partido ou o reforço da sensação de abandono pelo progenitor que tomou a iniciativa da rutura.

Mesmo fisicamente separados, é crucial para o saudável desenvolvimento das crianças, o reforço das figuras de autoridade de ambos os pais, permitindo às criança formular cognitivamente todos os interditos e proibições, para que a criança cresça de forma saudável.

As explicações solicitadas pelas crianças não deverão ser tecnicamente argumentadas, nem de forma solene e definitiva. Pelo contrário, deverão ser feitas sempre que solicitadas, com verdade e ao longo do tempo, já que, o fator de desenvolvimento físico, psicológico e emocional verdadeiramente importante prende-se com a qualidade da relação afetiva e de tempo que se investe na criança, não esquecendo o indispensável suporte de uma rede de apoio eficaz à família monoparental.

Cabe ao progenitor fisicamente mais próximo, sustentar uma resistência e autoconfiança ao enfrentar as adversidades que poderão surgir e ajudar a criar a imagem da outra figura parental junto da criança sempre que esta não esteja presente, não possa ou não queira fazê-lo. Culpá-la e censura-la à frente do filho, desvalorizá-la e projetar a sua raiva e desapontamento pessoais derivados do falhanço da relação afetiva afeta irremediavelmente a imagem que o filho tem de cada um dos pais, bem como, das relações afetivas em geral.
Sofia Almeida



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