O valor da droga pode ser
comunicacional e/ou desenvolvimental
Segundo Relvas, “o valor da Droga” pode ser comunicacional e/ou
desenvolvimental. O valor comunicacional pode ser descrito em três níveis: um
nível semântico, relativo ao significado do comportamento aditivo para cada um
dos membros da família; um nível sintático, em que se expressam as regras
específicas da interação familiar (o que é ou não aceite), e um nível
pragmático, que é correspondente ao resultado evidente da conduta toxicómana.
O valor desenvolvimental surge quando pensamos na adolescência
associada ao comportamento do toxicodependente, principalmente, por ser nesta
altura em que tal comportamento pode evitar que quer a família quer o
adolescente, assumam determinadas tarefas desenvolvimentais específicas das
idades que têm e, naturalmente, da fase do ciclo de vida que atravessam,
nomeadamente, na adolescência, em que o “jovem não se torna uma pessoa
autónoma, não abandona o lar e os seus pais não deixam de assumir as suas
funções e deveres parentais.
Para Amaral Dias, o sintoma em si, na sua essência, é indicador da
forma como o sistema familiar regula os seus conflitos internos: “O sintoma
funciona como uma resolução paradoxal do conflito, encerrando em si o partir e
o ficar”, que Stanton designou por pseudo-individuação.
Urbano, defende que as dependências revestem-se em muitos casos de
determinados ganhos secundários nas famílias, sobretudo aos servir de objeto
transitivo, permitindo a mediação entre a dependência infantil e a autonomia
adulta.
A toxicodependência pode também traduzir a existência de uma
conduta de sacrifício pelo jovem desempenhada. Eles próprios designam-se como
vítimas expiatórias contra quem estaria a sociedade em geral.
Sofia Almeida
30/07/2018
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