sexta-feira, 27 de julho de 2018

CODEPENDÊNCIA FAMILIAR





“As dependências e as codependências são dois comportamentos numa mesma perturbação”

As dependências não provocam danos apenas ao indivíduo consumidor, mas a todos (enquanto grupo), a cada um dos elementos do sistema familiar, a amigos, a colegas de trabalho e a outros sistemas sociais envolventes.

Segundo a Psicóloga da Associação AARIF de Illescas, Cristina Prados, num artigo recentemente publicado, numa “família adicta” o problema da dependência é mantido por todos os elementos do sistema familiar, que se predispõem a ajudar o dependente, prolongando a doença ou por falta de aceitação desta, ou em alguns casos, na negação da situação, defendendo-se da sua realidade, desenvolvendo tolerância e adaptação a um sofrimento crónico que apenas lhes trás tristeza, rancor, desorientação e profunda solidão.

Nas famílias codependentes encontramos com frequência a superproteção, a fusão, a incapacidade de resolver conflitos, a rigidez, a falta de intimidade e comunicações disfuncionais. As regras familiares tornam-se confusas e o desempenho dos papéis vai-se distorcendo à medida que o processo de dependência se desenvolve.

Um codependente é um indivíduo cuja vida gira em redor do dependente (interesses, atenção, energia e preocupações), gerando-lhe sofrimento. Mantém sentimentos de medo, tristeza, ódio, ressentimentos e inseguranças. Não sabe onde acaba e começa a sua individualidade e com frequência acha-se responsável pelas ações, pensamentos e sentimentos do outro, procurando desculpas recorrentes para o seu comportamento, procurando controlá-lo compulsivamente em busca de uma sensação de maior segurança.

Dependentes e codependentes têm características idênticas de negação, obsessão, compulsão e perda de controlo, apesar de considerarem que têm as suas vidas controladas. Vivem ambos uma ambivalência contínua na culpa de si mesmo sobre o comportamento do outro e na culpa do comportamento do outro sobre si mesmo.

Normalmente os sentimentos de lealdade familiar sobrepõem-se nestas situações e é com frequência que verificamos a existência do papel da mulher cuidadora que se sacrifica pelos seus, como uma missão pessoal, procurando alguma aprovação e reconhecimento familiar e social por esse mesmo sacrifício, escondendo muitas vezes os seus sentimentos de cansaço, culpa, vergonha e isolamento social, mantendo desta forma, uma situação de negação insustentada.

Romper com a codependência é um processo longo e duro, mas possível, aprendendo novos comportamentos com as premissas de base de que “cada um é responsável pelos seus próprios comportamentos” e “cada um tem de cuidar de si mesmo”, pelo que, o trabalho psicoterapêutico individual e/ou coletivo passa primeiro por reconhecer a impotência sobre o comportamento aditivo do outro; identificar e reconhecer os sentimentos vividos decorrentes do problema da dependência e focar-se nas suas próprias necessidades e desejos.
27/07/2018
Sofia Almeida

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