terça-feira, 4 de março de 2014

VINCULAÇÃO




Conhecer como é que as relações interpessoais afetam quem somos e em quem nos tornamos, afigura-se como tema central no estudo do desenvolvimento humano. O papel desempenhado pelo ambiente no desenvolvimento do indivíduo, nomeadamente o ambiente relacional, é considerado pelos atuais modelos transacionais de desenvolvimento, conjuntamente com o sistema biológico, como o seu mais importante sistema regulador.

O interesse pelo estudo da vinculação é relativamente recente. As primeiras investigações foram realizadas por Bowlby em crianças, nos anos trinta do século passado. Nestas investigações procurava-se avaliar a organização comportamental da vinculação na primeira infância, resultando na Teoria da Vinculação, podendo esta ser considerada como uma teoria global do desenvolvimento socio-emocional, como refere Canavarro.

Como médico, Bowlby trabalhou com crianças inadaptadas, as quais lhe suscitaram o interesse em estudar os problemas da privação dos cuidados maternos no posterior desenvolvimento do indivíduo e respetivos comportamentos, contribuindo de forma preciosa e pioneira, para a compreensão da formação, manutenção e perturbações dos laços afetivos que podiam explicar algumas das perturbações (nomeadamente distúrbios de personalidade e até mesmo psiquiátricos) que o autor observava em pacientes adultos. Efetivamente, nas observações que vai fazendo, constata que alguns dos comportamentos de crianças privadas de cuidados maternos se assemelhavam aos observados nos seus pacientes em psicoterapias sujeitos a separações precoces.

Assim, segundo a Teoria de Vinculação de Bowlby as primeiras interações da criança com a figura de vinculação são o pilar que vai permitir as relações afetivas no futuro e a representação da relação com os outros, estabelecendo o padrão de vinculação que se manterá estável, e que, deste modo, como refere Canavarro “será indiretamente responsável pela saúde mental na idade adulta”.

Foi só nos anos oitenta que a investigação sobre este tema se estendeu a outros períodos  do desenvolvimento humano, preocupando-se com a representação da linguagem relacionada com a vinculação. Assim tornou-se possível o estudo na adolescência e na idade adulta, começando a aparecer vários estudos que procuravam analisar a associação entre a vinculação e outras dimensões do adolescente e do jovem. Os trabalhos sobre vinculação têm vindo a aumentar numa série de áreas, incluindo espécies não humanas, em diferentes culturas e em vários estádios do ciclo vital.


O termo vinculação, do latim vinculum ou vinclum, significa “laço, atadura, e pode dar lugar ainda a grilhões, cadeias, prisões”( Barros, Braga e Dantas). Vínculo, do latim vinculu, significa “tudo o que serve para prender ou atar; atilho; laço; nó; liame; vencilho; relação; bens vinculados; morgadio; ligação moral ou parentesco; o casamento.”(Dicionário da Língua Portuguesa, 8ª Edição, Porto Editora). Vincular, significa “atar; ligar; prender por meio de vínculos; sujeitar; obrigar; prender moralmente; ligar-se; arreigar-se; perpetuar-se; firmar; segurar ou obter a posse; emprazar; referente a vínculo.” (Dicionário da Língua Portuguesa, 8ª Edição, Porto Editora).

Bowlby, utilizou o termo vinculação para designar qualquer comportamento que tem como objetivo a manutenção da proximidade da criança com a figura de vinculação. Esta particular situação variará de acordo com determinados fatores emocionais inerentes à criança, ao meio onde tudo se processa e ao comportamento da figura que cuida. Assim, a vinculação corresponde ao modo pelo qual o sistema comportamental se organiza em relação a uma figura específica, figura essa, em que a criança procurará proximidade e contacto, sendo o comportamento um modo, um atributo à figura vinculada, persistente e não afetado por situações momentâneas; sendo estabelecido, tende a perdurar no tempo e no espaço.

A função do comportamento de vinculação é a proteção do perigo, o conteúdo da relação está centrado na regulação da segurança, ou seja, a manutenção da relação é experienciada como fonte de segurança (proteção contra o perigo) e satisfação; caso esta seja ameaçada, observa-se o ciúme, ansiedade e raiva; se ocorrer rutura, há dor ou mesmo depressão. Demonstra assim,  que a acessibilidade das figuras parentais é o único meio capaz de produzir sentimentos de segurança na criança.

Bowlby enfatiza a importância da carga emocional inerente a esta relação, pois considera que é durante a formação, manutenção e rutura da relação de vinculação, que a maior parte das emoções mais intensas eclodem. Posteriormente alargou o conceito a todo o ciclo de vida, apesar dos seus trabalhos se centrarem, essencialmente na infância e na adolescência.

Bretherton, refere-nos que existe uma figura (vinculada) que procurará proteção, e uma figura (de vinculação) como sendo mais forte e mais capaz para se confrontar com o mundo, que facultará segurança, conforto ou ajuda.

Ainsworth, diz que a componente responsável pela evolução da vinculação é a prestação de cuidados que está, por sua vez, relacionada com a função de proteção; ou seja, a relação de vinculação desenvolve-se na interação destes sistemas: o da criança, que procura cuidados e atenção que lhe proporcionem a satisfação das suas necessidades de proteção e segurança e a do adulto, capaz e disponível para dar resposta às solicitações, materializadas na prestação de cuidados. Afirma também que o sistema de vinculação é um entre outros, de base biológica e característico da espécie.

“Ainsworth, Blehar, Waters e wall sublinharam que o que realiza a vinculação é o comportamento que promove a proximidade ou o contacto com uma ou mais figuras específicas a que o indivíduo está vinculado.”

Vinculação, é para Figueiredo, “um conjunto de comportamentos que têm como principal objetivo manter a proximidade com pessoa ou pessoas específicas às quais se está ligado por sentimentos afetuosos, num sentido muito geral.”

Vinculação, segundo Madalena Alarcão “Relação privilegiada com uma figura particular que confere segurança e proteção através dos cuidados que a mesma proporciona. Esta relação é interativa, desenvolvendo-se numa relação complementar entre os dois parceiros: um que solicita cuidados e atenções que lhe garantam a satisfação das suas necessidades de segurança e proteção e outro que tem que ser responsivo, i.é, ser capaz de compreender e responder adequadamente às solicitações recebidas através da prestação de cuidados. Se a figura de vinculação realizar regularmente este papel, a figura vinculada pode desenvolver uma confiança básica que lhe proporcionará um sentimento de segurança necessário ao desenvolvimento da atividade de exploração do mundo envolvente. De acordo com as características desta relação vinculativa a criança interiorizará um modelo particular de vinculação relativamente estável durante toda a vida. De acordo com a investigação realizada, distinguem-se três grandes modelos de vinculação: a vinculação segura..., vinculação insegura...( tipo inseguro-evitante e inseguro-ambivalente) ..., e um último tipo, designado como desorganizado/desorientado...”

“Lerner e Rytt, cit. por Bretherton, realizaram uma revisão sobre definições de vinculação, comentando que “definir vinculação é como operacionalizar um ideal platónico. Essa dificuldade pode ser ilustrada com as distinções encontradas na literatura entre vinculação e dependência, afiliação, relações objetais e comportamentos de vinculação. A maior controvérsia em torno da delimitação de fronteiras do conceito de vinculação foi o paralelismo feito por alguns autores com o conceito de dependência e comportamentos de vinculação.

Bowlby refere-nos a propósito, que o conceito de vinculação deve ser distinguido do conceito de dependência e explica-nos através do conceito de sistema comportamental, dizendo que os comportamentos mais simples vão sendo organizados em sistemas mais complexos, já que as condições de ativação e desativação do comportamento de vinculação não são sempre as mesmas ao longo do ciclo de vida do indivíduo, podendo diminuir e até mesmo ser representado através de meios sofisticados de comunicação, nomeadamente, telefonemas, cartas, fotos, etc.

Barros et al. dizem que “a vinculação contém em si um sentimento de pertença e está associada ao ímpeto da separação. O sentimento de pertença está em oposição à afirmação de autonomização tornando-se numa luta de inconciliáveis contradições, que está subjacente a todo o tipo de vinculações e desvinculações pelas quais passamos ao longo da vida”. Em resposta a esta assimilação, Rutter apoiado por outros autores, referiu que na relação de vinculação, a ênfase é colocada na promoção de segurança que permite encorajar a independência. A vinculação não é uma forma imatura de dependência, a ultrapassar, mas uma plataforma que permite o funcionamento autónomo.”


Como refere Ainsworth, a Teoria de vinculação defende a ideia de que todos os seres humanos nascem munidos de um sistema de vinculação que lhes permite procurar a proximidade de uma figura que lhes forneça proteção e uma base de segurança (base segura), a partir da qual possam explorar o meio”. É a função de proteção do sistema de vinculação que torna possível a promoção da aprendizagem e o contacto com o ambiente, pois a exploração de novos estímulos só ocorre quando a acessibilidade da figura de vinculação está garantida.
           
Bowlby diz que as relações de vinculação influenciam decisivamente o modo como a criança vê o seu meio. A criança que não teme o abandono da figura de vinculação, vê o mundo de forma não ameaçadora e por isso pode ter uma interação mais ajustada do que aquela em que prevalece o receio de abandono, tornando qualquer atividade interativa, uma fonte de potencial de ansiedade e de perturbação emocional, dificultando todo o processo de desenvolvimento psicológico. Assim, na perspetiva da Teoria da Vinculação, muitas das alterações da personalidade podem ser atribuídas a perturbações no desenvolvimento do comportamento de vinculação.

Os indivíduos que evidenciam padrões de vinculação insegura, são muitas vezes descritos como dependentes, imaturos, ansiosos, e sob stress são capazes de desenvolver sintomas neuróticos, depressão ou comportamentos fóbicos. Nos indivíduos com uma vinculação ansiosa, qualquer que seja a idade, o comportamento de vinculação é ativado frequentemente, de modo urgente, e é persistente, mesmo sem haver aparentemente qualquer condição que o justifique. Estes indivíduos não têm confiança sobre a acessibilidade e responsividade das suas figuras de vinculação quando necessárias, adotando a estratégia de manter a proximidade, numa tentativa de assegurar a sua disponibilidade. A vinculação insegura ou ansiosa parece resultar de experiências desfavoráveis ou adversas nas situações em que o sistema de vinculação está ativado e caracteriza-se pelo desejo de manter os parceiros próximos, existindo hipervigilância, relativamente a aspetos ligados à separação; a presença e disponibilidade do parceiro é percecionada como incerta.

A vinculação evitante, caracteriza-se por estratégias de diminuição da importância da relação; os parceiros são percecionados como fontes indutoras de stress e alvos de desconfiança ((Hazan & Shaver).  Para Bowlby, o estabelecimento destes tipos de vinculação pode constituir um fator de risco em termos psicopatológicos, na medida em que pode levar os indivíduos a responder de modo adverso ao stress e a serem mais vulneráveis a perturbações psicopatológicas.

Bowlby defende que as características dos indivíduos com tipos de vinculação ansiosa ou evitante, tendem a permanecer ao longo do desenvolvimento, pois os modelos internos de vinculação que o indivíduo constrói durante a infância e a adolescência tendem a persistir ao longo da idade adulta. Como resultado, há uma tendência em assimilar qualquer outra pessoa com quem estabelece uma ligação afetiva (cônjuge, filho, amigo) ao modelo das figuras de vinculação e do self, apesar deste modelo ser inadequado.

A vinculação segura, segundo o mesmo autor, está baseada nas experiências repetidas nas quais o medo e a ansiedade foram avaliados de um modo adequado, pelas intervenções da figura de vinculação, levando a criança a retomar as explorações do meio. Outros autores (Hazan & Shaver), referem que neste tipo de vinculação, as relações com parceiros decorrem com facilidade; estes são percecionados como respondendo às necessidades do próprio, sempre que necessário, proporcionando desta forma uma sensação de segurança e bem estar.



Bowlby criou mapas cognitivos (modelos internos de vinculação), que designa por Working Models, para explicar a representação das relações de vinculação. Estes são constituídos por conhecimentos e expectativas sobre a figura de vinculação, em termos da acessibilidade e responsividade; e sobre o self, em termos do seu valor pessoal e capacidade de a afetar. Funcionam como guias que interpretam as experiências, orientam e ajudam a monitorizar o comportamento, ativado o sistema em situações de stress emocional (tais como experiência de medo, mal-estar, de separação, ou de perda de alguém significativo), levando a desencadear certas ações para obter proximidade da figura de vinculação. É a qualidade deste fluxo de trocas emocionais entre o self e o outro significativo nestas situações, que determina a qualidade da relação de vinculação, tornando-a promotora de segurança, insegurança ou ainda evitante. Estes mecanismos constituem os principais meios explicativos da saúde mental do adulto, que resultam da interação que a criança estabelece com a mãe, sendo, em grande parte, determinados pelo comportamento desta. Idealmente para a formação de Working Models funcionais, a mãe deve ser sensitiva aos sinais e necessidades da criança.

A ação particular das “expectativas de eficácia pessoal” ou do “autoconceito”, já havia sido referida implicitamente por Bowlby sob a designação de “Working Model sobre si próprio”. Mais recentemente, Bartholomew e Bartholomew & Horowitz enfatizaram o papel do conceito sobre si próprio, em que uma figura de vinculação sensitiva e respondente não é só uma base de segurança, a partir da qual o indivíduo pode explorar o meio, mas também um elemento capaz de produzir a sensação de que o indivíduo é capaz de despertar cuidados por parte dos outros, aumentando-lhe as expectativas de eficácia pessoal, que facilmente se generalizam a outros contextos. Por outro lado, a presença de uma figura inconsistente ou rejeitante produz a sensação de incapacidade para gerar respostas adequadas por parte dos outros, o que acaba por se traduzir em expectativas de ineficácia pessoal e baixo autoconceito.

Bartholomew & Horowitz com base nos estudos feitos por Hazan e Shaver apresentam assim, um modelo conceptual dos estilos de vinculação na idade adulta, baseados nos dois tipos de modelos internos dinâmicos propostos por Bowlby, concebendo a imagem do self como positiva ou negativa, bem como a imagem do outro. Da combinação destas duas dimensões, resultariam quatro padrões de vinculação: seguro, preocupado, evitante desligado (desligado) e o evitante com medo (medroso). Na descrição deste modelo, o tipo seguro significa a perceção de si mesmo como merecedor de cuidados; o padrão preocupado, é a perceção de si próprio como não merecedor dos cuidados dos outros; o tipo evitante, é o indivíduo com medo como não merecedor de cuidados dos outros, aliado a uma avaliação deste com as pessoas; e o evitante desligado é o indivíduo em que a perceção de si próprio se apresenta como não dando resposta às suas necessidades.

Alguns estudos (Adams & Jones; Litowsky & Dusek; Brewin et al.) que procuraram estudar a ligação entre relações afetivas com os pais e medidas de autoconceito de adolescentes e jovens adultos, revelaram de forma inequívoca, que os indivíduos que percecionam os seus pais como afetuosos e capazes de fornecer suporte, têm autoconceitos mais elevados do que aqueles que os recordam como distantes ou rejeitantes. Foram também encontrada nestes estudos, a ideia que níveis elevados de criticismo são característicos de indivíduos que durante a infância, estabeleceram relações pouco satisfatórias, caracterizadas por pouco afeto e carinho para com os progenitores.

As estratégias de “Coping” atuariam também como mecanismos intermediários entre relações afetivas e saúde mental. O facto da figura de vinculação não exibir permanentemente comportamentos adequados às necessidades do indivíduo ou ser inconsciente na emissão de respostas adequadas, gera ansiedade no indivíduo. Num esforço de adaptação a estas situações, tendo aprendido que essa figura é incapaz de o tranquilizar, o indivíduo organiza respostas de evitamento e respostas ambivalentes, tentando minimizar as incapacidades percecionadas. Esta forma de Lidar com a figura de vinculação vai sendo progressivamente generalizada a outros contextos, acabando por se transformar em padrões típicos de “Coping”.

Nos desenvolvimentos da Teoria de Vinculação encontra-se referência expressa a conceitos oriundos da Psicologia Cognitiva, verificando-se também a situação inversa. Um exemplo da interpenetração das duas áreas é a sugestão, de que, as distorções cognitivas na perceção de acontecimentos interpessoais são mecanismos mediadores entre relações afetivas e saúde mental. Pessoas com vinculação insegura, estão especialmente predispostas a interpretar acontecimentos interpessoais indutores de stress como rejeições (Hammen et al.), ou como mais uma evidência da sua falta de competências sociais (Sroufe & Fleeson), podendo surgir, como resultado, sintomatologia depressiva ou outro tipo de psicossintomatologia.

Por último, com base em estudos que confirmam a continuidade da organização cognitiva da vinculação ao longo do ciclo de vida (Main et al.); Grossmann & Grossmann, e entre gerações (Benoit & Parker), alguns autores (Rosenstein & Horowitz; Main et al, sugeriram que mecanismos de regulação do afeto, seriam as variáveis mediadoras entre as relações de vinculação e o tipo de psicopatologia apresentado. Rosenstein e Horowitz referiram que a “vinculação evitante é característica das perturbações em que a ansiedade é evitada, o afeto é contido e a expressão do comportamento disfuncional é diretamente expressa em direção aos outros (como acontece nas perturbações do comportamento ou no distúrbio de personalidade); a vinculação ansiosa é característica das perturbações em que há consciência da ansiedade sentida, o afeto não é modelado e o comportamento disfuncional é diretamente expresso em relação a si próprio (como acontece nas depressões, perturbações mediadas pela ansiedade ou distúrbio de personalidade histérica)”.



As primeiras formulações de Bowlby constituem ainda, atualmente, a base dos novos modelos que procuram ligar relações afetivas e saúde mental, ao ponto de se tornar difícil distinguir as abordagens que podem ser consideradas como desenvolvimentos do modelo, daquelas, que constituem perspetivas distintas.

Rutter considera que as principais limitações do modelo original são a de não especificar o desenvolvimento das relações e vinculação ao longo do ciclo vital e a de formular hipóteses muito gerais sobre os mecanismos intermediários entre as duas variáveis em causa.

Embora os desenvolvimentos do modelo tenham procurado ultrapassar as limitações apontadas, oferecendo neste aspeto importantes contribuições, as teses que defendem não suscitam a mesma concordância do que as formulações originais. A proposta sobre a intervenção dos mecanismos reguladores do afeto como variável mediadora entre relações de vinculação e saúde mental, comporta, nomeadamente, raciocínios circulares, de difícil comprovação empírica.

O estudo científico da vinculação começou com a análise das diferenças individuais na organização comportamental da vinculação nas crianças. Diferenças essas observáveis através de um procedimento laboratorial designado por Situação Estranha. Este procedimento consiste, numa sequência estruturada de separações e reencontros entre o bebé e a figura de vinculação, e o seu objetivo é ativar o sistema de vinculação e o de exploração.

Ainsworth e os seus colaboradores, identificaram três padrões distintos de interação com base em diferentes reações comportamentais face às figuras significativas e ao meio circundante, que, supostamente corresponderiam a diferentes estruturas internas de organização da vinculação, como mencionou Cicchetti et al, estratégias organizadas pela criança para gerir a ansiedade causada pela separação e pela reunião. Estas ter-se-ão desenvolvido a partir da acessibilidade e responsividade nas respostas das figuras de vinculação às solicitações de apoio, conforto e proteção da criança em contexto natural. Padrões de comportamento de interação da criança com a mãe, avaliados na situação Estranha de acordo com Ainsworth et al:
Padrão A: Inseguro-Evitante: Verifica-se uma exploração independente da mãe, no início separa-se da mãe para explorar o ambiente; baixa partilha de afetos, estabelece relação com o estranho; verifica-se também um evitamento ativo da mãe após a reunião, olha para o outro lado, movimenta-se noutra direção, ignora; não evita o estranho.
            Padrão B: Seguro: A mãe é uma base de segurança para exploração do ambiente, separa-se para brincar, partilha emoções enquanto brinca, estabelece relação com o estranho na presença da mãe; conforta-se rapidamente após situação indutora de stress; Procura ativa de contacto e interação após reunião; quando agitada, procura imediatamente o contacto e este põe fim à agitação; quando não está agitada, mostra-se satisfeita por ver a mãe e dá início à interação.
            Padrão C: Inseguro-Ansioso: O comportamento exploratório é pobre, tem dificuldade de se isolar para explorar o ambiente, necessita sempre de contacto, mesmo antes da separação, receio de situações e pessoas diferentes. Tem dificuldade em estabelecer contacto após a reunião, existência simultânea de procura e resistência ao contacto, gritando, dando pontapés ou rejeitando brinquedos; pode continuar a chorar e gritar ou aparentar grande passividade.

Para além dos padrões mencionados, foram identificados mais recentemente por Main e Solomon, padrões atípicos de comportamento de vinculação, caracterizados por comportamentos desorganizados, contraditórios, movimentos e expressões incompletos ou indiretos, comportamento estereotipados, movimentos assimétricos, a que designaram de Padrão D. A identificação deste quarto padrão está relacionada com o Projeto de Desenvolvimento Social levado a cabo por Main, Cassidy, Solomon, Weston, entre outros, na Universidade de Berkeley.
                       

Sofia Almeida

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