A
amizade é uma espécie de amor desinteressado
Tal como o amor, a
amizade é uma relação genuína com sentimentos complexos que aparecem sem avisar
e não conhece critérios de idade, género ou condição social. É um misto de
confiança e sensibilidade. Servem de suporte, companheirismo e partilha. Cumplicidade,
estímulo intelectual e serenidade são razões que convidam a estabelecer uma
relação de amizade.
Catarina Mexia,
Psicóloga Clínica, questiona se tantas sensações, emoções e afetos se manterão
sempre ao nível da amizade, resistindo ao amor genuíno e à sexualidade? Em
tempos antigos, acreditava-se que não seria possível a amizade entre homens e
mulheres, quando os nossos antepassados se dedicavam a tarefas rigidamente
distribuídas em conformidade com o género. Estar juntos, só em situação de
romance. Felizmente nos nossos tempos, homens e mulheres estão envolvidos num
processo de socialização que lhes permite desenvolverem amizades fortes e
duradouras.
Mas, se uma relação de
amantes pode tornar-se numa relação de amizade, mais frequentemente uma relação
de amigos pode desencadear sentimentos de amor e desejo sexual. A questão é
sabermos se queremos estragar ou modificar uma relação segura e desinteressada
que até ao momento funcionou bem. Quem é que se contenta em ser um bom amigo,
quando deseja ardentemente ser amante? Nesses momentos de particular tensão em
que o desejo ganha força, evitar a proximidade física poderá ser uma estratégia
que será sempre compreendida e respeitada pelo outro.
Enquanto na vida
amorosa, os sentimentos explodem como fogo de artifício, numa amizade, tratando-se
de uma relação menos exigente, os sentimentos são canalizados com paciência,
limites e compreensão numa relação que constitui um pilar afetivo para ambos,
numa dualidade enriquecida pelas diferentes mas complementares perspetivas de
cada um.
Amor e amizade, ambos
preciosos, seguem na mesma direção, e encontrado o amor desinteressado, não o
devemos deixar partir.
Sofia Almeida
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