No
início do estudo da toxicodependência e das preocupações com o tratamento dos
toxicodependentes, a tónica era essencialmente posta no indivíduo, na sua
dimensão intrapsíquica, sendo que as perspetivas biológicas e psicológicas
ocupavam grande parte da literatura sobre o assunto. Contudo, temos vindo a
assistir nas últimas décadas a análises do papel determinante do sistema
familiar no desencadear e na manutenção dos comportamentos aditivos, estudando
as relações que o indivíduo dependente mantém com as figuras significativas
(particularmente com os pais e com os pares) ”.
Com
efeito, em alguns trabalhos de revisão da literatura realizados nas últimas
décadas, nomeadamente Harbin e Maziar, afirma-se mesmo que são os fatores
familiares os que desempenham o papel primordial na génese e desenvolvimento da
toxicodependência. Ganger e Shugart consideram a toxicodependência como uma
doença familiogénica que não pode ser estudada fora do contexto da unidade familiar.
Também para Stanton as variáveis familiares desempenham um papel predominante
na sintomatologia do toxicodependente.
Para
a compreensão da importância da família na compreensão teórica e terapêutica da
toxicodependência, muito contribuiu a conceptualização do conceito “sistema”
baseada nas Teorias Cibernéticas e na Teoria Geral dos Sistemas que se
estabeleceu a partir dos anos sessenta do século passado e que possibilitou
observar e entender os fenómenos familiares e a toxicodependência sob uma nova perspetiva:
uma compreensão sistémica das famílias com Paciente Identificado
toxicodependente.
Tendo
por base o paradigma sistémico desenvolveu-se e aperfeiçoou-se um conjunto de
práticas terapêuticas designadas de Terapias Familiares, que se têm revelado de
grande utilidade no âmbito da intervenção em comportamentos aditivos e
dependências, alargando o leque de recursos terapêuticos e o campo de
conhecimentos teóricos.
Sofia Almeida
06/09/2018
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