quinta-feira, 6 de setembro de 2018

A FAMÍLIA NA COMPREENSÃO DA TOXICODEPENDÊNCIA




No início do estudo da toxicodependência e das preocupações com o tratamento dos toxicodependentes, a tónica era essencialmente posta no indivíduo, na sua dimensão intrapsíquica, sendo que as perspetivas biológicas e psicológicas ocupavam grande parte da literatura sobre o assunto. Contudo, temos vindo a assistir nas últimas décadas a análises do papel determinante do sistema familiar no desencadear e na manutenção dos comportamentos aditivos, estudando as relações que o indivíduo dependente mantém com as figuras significativas (particularmente com os pais e com os pares) ”.

Com efeito, em alguns trabalhos de revisão da literatura realizados nas últimas décadas, nomeadamente Harbin e Maziar, afirma-se mesmo que são os fatores familiares os que desempenham o papel primordial na génese e desenvolvimento da toxicodependência. Ganger e Shugart consideram a toxicodependência como uma doença familiogénica que não pode ser estudada fora do contexto da unidade familiar. Também para Stanton as variáveis familiares desempenham um papel predominante na sintomatologia do toxicodependente.

Para a compreensão da importância da família na compreensão teórica e terapêutica da toxicodependência, muito contribuiu a conceptualização do conceito “sistema” baseada nas Teorias Cibernéticas e na Teoria Geral dos Sistemas que se estabeleceu a partir dos anos sessenta do século passado e que possibilitou observar e entender os fenómenos familiares e a toxicodependência sob uma nova perspetiva: uma compreensão sistémica das famílias com Paciente Identificado toxicodependente.

Tendo por base o paradigma sistémico desenvolveu-se e aperfeiçoou-se um conjunto de práticas terapêuticas designadas de Terapias Familiares, que se têm revelado de grande utilidade no âmbito da intervenção em comportamentos aditivos e dependências, alargando o leque de recursos terapêuticos e o campo de conhecimentos teóricos.
Sofia Almeida
06/09/2018

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