Segundo Marta Saiz Merino, num
artigo publicado na revista espanhola “independientes.com” o amor é como uma
droga. Não que exista uma droga com efeito de amor, contudo, a substância que
intervém neste processo é a mesma que se apresenta ao cérebro ao consumir
determinadas substâncias tóxicas, como a feniletilamina. Assim, melhor dizendo,
os efeitos que o amor produz assemelham-se aos efeitos de determinadas drogas,
nomeadamente as anfetaminas como o MDMA (ecstasy).
A feniletilamina é um aminoácido
essencial que atua como neurotransmissor e uma droga natural produzida pelo
cérebro que pertence à classe das anfetaminas, estimulantes do Sistema Nervoso
Central.
O cérebro, ao concentrar elevadas
quantidades de feniletilamina, responde com a libertação de endorfina que
alimenta a secreção de neurotransmissores como a dopamina, entre outras. A
dopamina é responsável pelas sensações de prazer e influencia a energia física
e mental, nomeadamente na concentração e capacidade de memória.
Esta droga natural pode ser produzida
e ativada pela ingestão de determinadas drogas, alimentos ou suplementos, ou
ainda, pelos comportamentos que desencadeiam emoções humanas.
No caso dos alimentos, destaca-se
o chocolate, portador de feniletilamina e de efeitos psicoativos. Contudo, ao
ser metabolizado pela enzima MAO-B não chega ao cérebro em altas concentrações
e apenas passa a sensação prazenteira e antidepressiva que o carateriza.
Também escutar música, fazer
desporto ou a exposição solar produz a libertação de endorfinas.
A associação entre a feniletilamina e o amor dá
novo realce à teoria proposta nos anos 80 pelos médicos Donald F. Klein e
Michael R. Liebowitz do Instituto Psiquiátrico de Nova York, em que afirmam que
a produção deste aminoácido pode desencadear-se simplesmente por um olhar, um
toque ou aperto de mãos.
Quando isto ocorre, o cérebro da
pessoa enamorada responde com modificações fisiológicas responsáveis pelas
sensações do amor romântico (vigília, falta de apetite, sensação de felicidade
extrema), que se assemelham aos efeitos do consumo de determinadas drogas. Como
a Cannabis ou as anfetaminas.
As substâncias que intervêm no
cérebro quando aparece o amor são basicamente três: feniletilamina, dopamina e
serotonina, responsáveis pela sensação de bem-estar, concentração, apetite.
Num primeiro momento, acontece a
atração e o desejo, atuando a feniletilamina com a secreção de dopamina nos
centros de recompensa. Num momento em que se criam fortes vínculos com a pessoa
e se reconhece o prazer com o objeto de desejo, aumenta o nível de serotonina
criando uma estabilidade no casal, regulando os estados de ânimo.
Uma vez que os laços se
estreitaram, aparecem outros neurotransmissores como a vasopressina e a
oxitocina, que ajudam a manter as relações a longo prazo.
Em caso de desamor, o indivíduo
deixa de produzir feniletilamina de forma natural e o chocolate passa a ser o
aliado da rutura amorosa.
O problema das drogas é que estas
interatuam com estes neurotransmissores e sequestram os sistemas naturais do
cérebro implicados no prazer e na satisfação, rompendo o círculo natural de
funcionamento das emoções.
Sofia Almeida