É crescente o número de casais que
entre nós, se divorcia.
O divórcio é considerado, nas diversas escalas de stress psicossocial, uma das situações
potencialmente mais problemática a exigir um grande suporte afetivo. A violência
que se desprende de muitas situações de rutura conjugal nem sempre é revelada,
nem mesmo aos mais próximos e significativos.
Apesar da evolução no sentido da igualização dos papéis
na díade conjugal, são poucos os homens capazes de falar das suas dificuldades,
nomeadamente quando o fator precipitante da dissolução do casamento é a
infidelidade feminina.
É cada vez maior o número de mulheres que vivem sozinhas
com os filhos em consequência de separações e divórcios. Mas o divórcio já não
representa um afastamento obrigatório de um dos progenitores nem está associado à vergonha ou
indiferença como antigamente. Pelo contrário, os pais podem e devem estar presentes
nas vidas das crianças, mesmo que por algum motivo, a sua presença não
possa ser agora tão assídua.
O que fica em jogo nos divórcios, não é tão somente a
coabitação, mas a falência dos afetos positivos pelo menos por um dos
progenitores, a manipulação das crianças no sentido de acentuar cumplicidades,
a pressão exercida sobre estas a tomar partido ou o reforço da sensação de
abandono pelo progenitor que tomou a iniciativa da rutura.
Mesmo fisicamente separados, é crucial para o saudável
desenvolvimento das crianças, o reforço das figuras de autoridade de ambos os
pais, permitindo às criança formular cognitivamente todos os interditos e
proibições, para que a criança cresça de forma saudável.
As explicações solicitadas pelas crianças não deverão ser
tecnicamente argumentadas, nem de forma solene e definitiva. Pelo contrário,
deverão ser feitas sempre que solicitadas, com verdade e ao longo do tempo, já
que, o fator de desenvolvimento físico, psicológico e emocional verdadeiramente
importante prende-se com a qualidade da relação afetiva e de tempo que se
investe na criança, não esquecendo o indispensável suporte de uma rede de apoio
eficaz à família monoparental.
Cabe ao progenitor fisicamente mais próximo, sustentar
uma resistência e autoconfiança ao enfrentar as adversidades que poderão surgir
e ajudar a criar a imagem da outra figura parental junto da criança sempre que
esta não esteja presente, não possa ou não queira fazê-lo. Culpá-la e censura-la
à frente do filho, desvalorizá-la e projetar a sua raiva e desapontamento
pessoais derivados do falhanço da relação afetiva afeta irremediavelmente a
imagem que o filho tem de cada um dos pais, bem como, das relações afetivas em
geral.
Sofia Almeida