MITOS FAMILIARES
Segundo
Relvas, “Podemos definir um mito familiar como um conjunto de crenças baseados
na distorção da realidade histórica e partilhados por todos os membros da
família, que ajudam a moldar as regras familiares.
Todos os
mitos são crenças que transmitidas de geração em geração, não são contestadas por
nenhuma das pessoas interessadas, apesar de incluírem distorções evidentes da
realidade, proporcionando a cada membro da família papéis rígidos e difusos.
Ferreira,
diz que “o mito familiar é uma crença
bem integrada e compartilhada por todos os membros da família e diz respeito a
cada um deles e às suas posições recíprocas na vida familiar”.
Os mitos
são frequentes nas famílias e podem assumir várias vertentes: o mito da
harmonia familiar, o mito da loucura na família, o mito da marginalidade e o
mito da expiação.
Um dos
mitos mais vulgares é o do bom entendimento, exemplificando em frases “lá em
casa damo-nos todos bem”, “em nossa casa ninguém discute”, “nunca houve
problemas antes disto acontecer”. Este tipo de atitude é suficiente para
demonstrar uma dificuldade profunda na apreensão do vivido familiar. “Parece
existir uma atitude de negação e cobertura, mascarando a percepção de que algo
não está bem, e a mesma estrutura familiar é mantida, o que é considerado um
sinal ou sintoma da sua disfuncionalidade que a mesma apresenta. Com este mito a
família terá tendência a atribuir a responsabilidade da patologia ao exterior,
aos amigos de má influencia, aos educadores à sociedade em geral.
Em famílias
com um elemento toxicodependente, outros mitos frequentes são o da loucura na
família, responsável pela fragilidade de um membro, cujo lugar é ocupado pelo próprio
toxicodependente; outro mito é o da marginalidade, em que a família parece ter
um certo fascínio pela transgressão, o que implica alguma confusão
relativamente aos sentimentos do jovem, pois condenam a sua escolha em nome de
uma liberdade, que não aceitam; outro mito é o da expiação, em que o jovem
comporta em si a culpabilidade de toda a família, incluindo a sua ( Sternschuss
- Angel et al).
SEGREDOS FAMILIARES
Os segredos
também são outro dos aspectos presentes nas famílias, funcionando como refúgio
da família para manter a sua homeostase.
São frequentes os segredos não ditos, mas que toda a família sabe. As relações
são mascaradas por atitudes de cobertura e encobrimento de determinados
acontecimentos relevantes
Para Sanches
e Peixoto, o segredo familiar constitui-se no sistema familiar sob a forma de
um mandato a cumprir, como uma proibição de falar por medo ou angústia frente à
inevitável mudança, preservando deste modo, uma realidade distorcida.
Os
segredos, tal como os mitos, escondem e transformam frequentemente a realidade
dolorosa da família que evita admitir em si própria aquilo que considera como
falha fundamental da sua estrutura.
Sofia
Almeida