sexta-feira, 8 de novembro de 2013

AS NOVAS TECNOLOGIAS NO CENTRO DA RELAÇÃO FAMILIAR


 

O fenómeno das novas tecnologias veio redefinir o tempo passado em família, e é consensual para grande parte dos especialistas, que tem efeitos psicológicos tanto nos pais como nas crianças. Contudo, se para alguns autores trata-se de efeitos positivos, para outros especialistas, não será tanto assim. Se não vejamos…



Segundo uma sondagem recente nos Estados Unidos da América levada a cabo pela empresa Cisco, 71% dos pais consideraram que dedicam mais tempo aos seus filhos graças às novas tecnologias.

Num outro estudo da responsabilidade da Laborum aplicado em junho de 2012 a trezentos pais no Chile, concluiu-se que 61% dos pais também conseguiam passar mais tempo com os filhos graças às novas tecnologias e 41% dos pais consideravam que a sua relação com os filhos ficava reforçada, sendo que, 50% dos pais se sentiam mais tranquilos também por saberem quais os sítios na internet que os filhos visitaram ou que aplicações haviam descarregado.
 

Segundo especialistas da Universidade de Brigham Young, os videojogos são particularmente benéficos para as raparigas. Num estudo que realizaram a 278 meninos e meninas dos 11 aos 16 anos, demonstrou que as raparigas que jogavam com o pai tendiam a comportar-se melhor, a estarem mais ligadas à família, a dar sinais de uma maior robustez psicológica e a estarem menos sujeitas à ansiedade e depressão. Segundo ainda o mesmo estudo, são essencialmente os pais a jogar com as filhas facilitando uma comunicação que por vezes é difícil no quotidiano.


Arminta Jacobson, Diretora do Centro Educativo para Pais da Universidade do Norte do Texas refere: ”Não interessa o tipo, todo o lazer entre pais e filhos favorece esta interação”.

 
Esta opinião é corroborada por um estudo da Universidade de Michigan junto de 290 pais e filhos que habitualmente jogam juntos e que revela que esta proximidade tem um impacto importante nas crianças, ajudando-as a desenvolverem competências cognitivas e linguísticas, e melhorando a relação pai-filho. Desenvolve-se um sentimento de competição saudável e mais equilibrada no perfil dos jogadores, quer no peso, quer no tamanho. Pode mesmo acontecer que o filho ganhe ao pai, já que num mundo virtual tudo pode acontecer.
 

Em Inglaterra, num estudo levado a cabo pela Universidade Goldsmith, 80% dos pais que jogam com os filhos, consideram este, um momento privilegiado e 32% fazem-no diariamente.
 


 
Em Portugal, as opiniões sobre esta matéria também dividem especialistas. A temática ganhou maior visibilidade no início do verão passado num programa televisivo diário, de um canal generalista, quando o Dr. Quintino Aires veio a público afirmar que “os videojogos são veneno…não ajudam à criatividade… não desenvolvem as capacidades relacionais… e torna os seus utilizadores como seres antissociais, com dificuldades de comunicação e nas relações interpessoais”. Este especialista chega mesmo a acusar os pais que autorizam os videojogos aos filhos, da sua falta de paciência para tomarem conta das crianças.


Em contraponto, Ricardo Passos, num artigo de opinião publicado no ene3.com em 19/07/2013 veio denunciar estas afirmações e defender a ideia do estímulo da criatividade dos jogadores por alguns videojogos, encarando as características destes como fatores de desenvolvimento numa relação. Coloca ainda a questão dos pais que jogam videojogos ou utilizam a internet porque é a única forma de estarem em contacto regular com os filhos, por ausência prolongada de casa. Refere ainda que quem produz videojogos ou brinquedos são adultos, sempre apoiados por uma vasta equipa que os orienta na sua elaboração, tendo em conta, entre outras coisas a faixa etária a quem se destinam. Acrescenta ainda que a Nintendo investe mais do dobro em pesquisa que o Ministério da Educação Americano
 

Mas não são apenas os videojogos que aumentam esses tempos passados em frente ao ecrã, a Internet também é responsável. A curiosidade das crianças leva-as a interagir com as novas tecnologias, colocando-a no centro da relação familiar e, por si mesmas, ou com a ajuda dos pais, rapidamente se familiarizam com os novos aparelhos.


O estudo Gerações Online 2009 realizado pelo Centro de Estudos Pew, diz-nos que os pais e filhos têm comportamentos e motivações muito semelhantes na Internet, essencialmente o desejo de diversão, de partilha de experiências ou transmissão de conhecimentos através de material mais didático.
 



Não obstante, os estudos e opiniões atrás referidas, é crucial que reflitamos sobre os perigos decorrentes da falta de controlo parental na utilização das novas tecnologias pelas crianças. Na verdade, qualquer progenitor já se apercebeu da dificuldade em encontrar mecanismos de controlo nesta utilização, não só em termos do tempo disponibilizado, mas também dos conteúdos visualizados. Quantas vezes, no seguimento da elaboração de um trabalho de casa escolar fundamentado em pesquisa na internet, acaba com uma visualização de um qualquer vídeo caseiro ou um jogo acabadinho de estrear? Já para não falarmos das janelas que surgem espontaneamente e que curiosamente insistem em não fechar.


Os pais mais informados e conscientes, sabem quais os procedimentos a adotar para limitar o acesso a determinados sítios, mas sou de opinião que em Portugal existe ainda falta de informação e sensibilização destinada aos pais para a prevenção de comportamentos de risco associados ao jogo patológico.

 
Sofia Almeida

 

 

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