O fenómeno das novas tecnologias veio redefinir o tempo passado em família, e é consensual para grande parte dos especialistas, que tem efeitos psicológicos tanto nos pais como nas crianças. Contudo, se para alguns autores trata-se de efeitos positivos, para outros especialistas, não será tanto assim. Se não vejamos…
Num outro estudo da responsabilidade
da Laborum aplicado em junho de 2012 a trezentos pais no Chile, concluiu-se que
61% dos pais também conseguiam passar mais tempo com os filhos graças às novas
tecnologias e 41% dos pais consideravam que a sua relação com os filhos ficava
reforçada, sendo que, 50% dos pais se sentiam mais tranquilos também por
saberem quais os sítios na internet que os filhos visitaram ou que aplicações haviam
descarregado.
Segundo especialistas da Universidade
de Brigham Young, os videojogos são particularmente benéficos para as
raparigas. Num estudo que realizaram a 278 meninos e meninas dos 11 aos 16
anos, demonstrou que as raparigas que jogavam com o pai tendiam a comportar-se
melhor, a estarem mais ligadas à família, a dar sinais de uma maior robustez
psicológica e a estarem menos sujeitas à ansiedade e depressão. Segundo ainda o
mesmo estudo, são essencialmente os pais a jogar com as filhas facilitando uma
comunicação que por vezes é difícil no quotidiano.
Arminta Jacobson, Diretora do Centro
Educativo para Pais da Universidade do Norte do Texas refere: ”Não interessa o
tipo, todo o lazer entre pais e filhos favorece esta interação”.
Esta opinião é corroborada por um estudo
da Universidade de Michigan junto de 290 pais e filhos que habitualmente jogam
juntos e que revela que esta proximidade tem um impacto importante nas
crianças, ajudando-as a desenvolverem competências cognitivas e linguísticas, e
melhorando a relação pai-filho. Desenvolve-se um sentimento de competição
saudável e mais equilibrada no perfil dos jogadores, quer no peso, quer no
tamanho. Pode mesmo acontecer que o filho ganhe ao pai, já que num mundo
virtual tudo pode acontecer.
Em Inglaterra, num estudo levado a
cabo pela Universidade Goldsmith, 80% dos pais que jogam com os filhos,
consideram este, um momento privilegiado e 32% fazem-no diariamente.

Em Portugal, as opiniões sobre esta
matéria também dividem especialistas. A temática ganhou maior visibilidade no
início do verão passado num programa televisivo diário, de um canal
generalista, quando o Dr. Quintino Aires veio a público afirmar que “os
videojogos são veneno…não ajudam à criatividade… não desenvolvem as capacidades
relacionais… e torna os seus utilizadores como seres antissociais, com
dificuldades de comunicação e nas relações interpessoais”. Este especialista
chega mesmo a acusar os pais que autorizam os videojogos aos filhos, da sua
falta de paciência para tomarem conta das crianças.
Em contraponto, Ricardo Passos, num
artigo de opinião publicado no ene3.com
em 19/07/2013 veio denunciar
estas afirmações e defender a ideia do estímulo da criatividade dos jogadores
por alguns videojogos, encarando as características destes como fatores de
desenvolvimento numa relação. Coloca ainda a questão dos pais que jogam
videojogos ou utilizam a internet porque é a única forma de estarem em contacto
regular com os filhos, por ausência prolongada de casa. Refere ainda que quem
produz videojogos ou brinquedos são adultos, sempre apoiados por uma vasta
equipa que os orienta na sua elaboração, tendo em conta, entre outras coisas a
faixa etária a quem se destinam. Acrescenta ainda que a Nintendo investe mais
do dobro em pesquisa que o Ministério da Educação Americano
Mas não são apenas os videojogos que
aumentam esses tempos passados em frente ao ecrã, a Internet também é
responsável. A curiosidade das crianças leva-as a interagir com as novas
tecnologias, colocando-a no centro da relação familiar e, por si mesmas, ou com
a ajuda dos pais, rapidamente se familiarizam com os novos aparelhos.
O estudo Gerações Online 2009
realizado pelo Centro de Estudos Pew, diz-nos que os pais e filhos têm
comportamentos e motivações muito semelhantes na Internet, essencialmente o
desejo de diversão, de partilha de experiências ou transmissão de conhecimentos
através de material mais didático.
Não obstante, os estudos e opiniões
atrás referidas, é crucial que reflitamos sobre os perigos decorrentes da falta
de controlo parental na utilização das novas tecnologias pelas crianças. Na verdade,
qualquer progenitor já se apercebeu da dificuldade em encontrar mecanismos de
controlo nesta utilização, não só em termos do tempo disponibilizado, mas
também dos conteúdos visualizados. Quantas vezes, no seguimento da elaboração
de um trabalho de casa escolar fundamentado em pesquisa na internet, acaba com
uma visualização de um qualquer vídeo caseiro ou um jogo acabadinho de estrear?
Já para não falarmos das janelas que surgem espontaneamente e que curiosamente
insistem em não fechar.
Os pais mais informados e conscientes,
sabem quais os procedimentos a adotar para limitar o acesso a determinados
sítios, mas sou de opinião que em Portugal existe ainda falta de informação e
sensibilização destinada aos pais para a prevenção de comportamentos de risco
associados ao jogo patológico.
Sofia
Almeida
Sem comentários:
Enviar um comentário