Poder-se-á
afirmar que as famílias com elemento(s) toxicodependente(s) apresentam
características, dinâmicas e padrões de funcionamento diferentes de outras
famílias?
Bergeret
deu uma primeira resposta em 1990 referindo que “as investigações
epidemiológicas levadas a cabo sobre as famílias dos toxicómanos, assim como os
estudos conduzidos a partir das práticas psicoterapêuticas, mostram que não
existe nenhum modelo específico de adolescente nem nenhum modelo de situação
relacional familiar que possa ser definido como modelo próprio da toxicomania”
Efetivamente,
toda a sistematização realizada neste domínio não nos autoriza a falar de um
perfil do toxicodependente ou da sua família. Não podemos afirmar que existe
uma personalidade ou uma estrutura psíquica específica e tipificada que leve
indubitavelmente a comportamentos aditivos, pois qualquer estrutura psicológica
pode dar origem a vários tipos de dependência.
Para
Madalena Alarcão, “as regularidades encontradas não nos podem fazer esquecer
que a capacidade auto-organizava do sistema familiar pode configurar
diversamente, em cada sistema e em tempos diferentes do mesmo sistema, o
feedback proveniente do seu interior ou do exterior é resultante das suas
próprias características, das vulnerabilidades e dos fatores de risco a que
pode estar sujeito”.
Numa
posição mais reducionista, Duncan, Stanton et al, fazem uma revisão da
literatura sobre o tema e concluem que a maior parte dos trabalhos sobre toxicodependência
masculina referem a existência de famílias com características idênticas, bem
como Bravo et al.
Apesar
de partilharmos a ideia de que não há interações específicas nestas famílias,
consideramos que é possível identificar um conjunto de redundâncias que em
função das suas articulações e singularidades do sistema em análise, nos podem
auxiliar na tentativa de compreensão, definindo pontos de intervenção
terapêutica.
Sofia
Almeida
06/09/2018