O
Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências – SICAD, de
entre as suas atribuições, tem vindo a procurar melhorar os conhecimentos
relativamente a este fenómeno da dependência do jogo em Portugal em matéria de
comportamentos aditivos sem substâncias. Existe ainda falta de informação e de
estudos aprofundados sobre este fenómeno, mas estamos conscientes da sua
crescente importância em outros países.
Segundo
um estudo de 2013 de Buhringer, Braun, Kraplin & Sleczka, a prevalência de
jogo patológico a nível europeu situar-se-á entre 0,3% a 1% e os problemas associados
ao jogo entre 0,5% e 3% (, 2013).
Em
Portugal, a indústria dos videojogos ainda mal existia há cerca de trinta anos,
mas nos últimos anos temos assistido a uma preocupação crescente com o perigo
da adição ao jogo, principalmente através da internet. A geração atual dos pais
trintões já nascidos com os computadores, para benefício das relações
intrafamiliares, passa cada vez mais tempo com os filhos nas novas tecnologias,
levantando-se questões sobre os perigos do uso indevido da internet e a
dependência do jogo.
Estudos
recentes no nosso país indicam que a situação de dependência nos jogos a
dinheiro é mais significativa nos adultos com mais de 65 anos e o Euromilhões é
o mais jogado de entre uma panóplia de jogos autorizados. Os jogadores patológicos
portugueses são maioritariamente do sexo masculino, e apresentam
características de impulsividade, falta de autoestima, fraca tolerância à
frustração, distorções cognitivas e co-morbilidades como a ansiedade e
depressão.
Normalmente
os jogadores patológicos são sonhadores, desenvolvem sentimentos ambivalentes
de ambição, mas também de culpabilização. Revelam maior consciência do problema
ao contrário dos dependentes de substâncias psicoativas, mas só aceitam ajuda
em última instância, quando já não conseguem resolver os problemas decorrentes
desta dependência.
Um
estudo realizado em Portugal por Henrique Lopes no ano de 2009, faz referência
ao fenómeno de rejuvenescimento da classe dos jogadores, que se ficará a dever
à crescente acessibilidade aos jogos a dinheiro na internet, advertindo apar os
dados preocupantes relativo ao número de jovens que mostram sinais de
dependência: 1.564 têm menos de 25 anos e 8.741 têm entre 26 e 40 anos. Segundo
este autor, em Portugal, havia naquele ano, pelo menos 16.124 viciados em jogos
a dinheiro e mais de 400 mil em risco.
O tratamento das dependências sem substância não se afigura mais fácil de tratar
do que as designadas toxicodependências. Sabemos que é possível jogar num
ambiente isolado e anónimo, sem controlo social e insuficiente controlo parental,
pelo que, a par da investigação que está sendo levada a cabo pelas entidades
competentes nesta matéria, urge sensibilizar os pais e os filhos, desenvolvendo
intervenções adequadas de carater preventivo.
Sofia Almeida